sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Auto retrato falado

Venho de um bairro sujo e esquecido por Deus, no âmago infecto de São Paulo.
Meu pai só me procurou duas vezes na vida, a segunda foi para pedir dinheiro.
Me criei entre o limiar do carinho materno e da maldade das ruas.
Aprecio a sensatez dos sábios e a loucura dos poetas.
Me procurei e quanto mais o fiz, mais me senti perdido.
Não estou nem na pior e nem na melhor fase da minha vida, e agradeço por isso.
Agora os dias passam mais rápidos, e as noites mais claras.
Estou sozinho em meio a uma multidão.
No meu morrer não sinto nada, e sinto falta de sentir, e sinto falta de sentir falta de sentir.

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