quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A história dos copos.

O Universo como não o conhecemos!
Uma mesa de madeira envernizada, em um barzinho desses que tem em todos os bairros, inclusive onde você que lê agora mora.
Nessa mesa, coberta por um plastico transparente vagabundo, destes que colocam em mesas envernizadas de bares que tem em qualquer lugar, uma fina camada de miasma e cerveja velha cobre tudo.

É nesta enrugada superficie plástica e umida que começa nossa história triste.

Algumas pessoas se sentam, (quem são?) quem são pouco importa!! porque esta história não é sobre elas, muito menos sobre o que elas querem, sentem ou pensam. Eles são simplesmente coadjuvantes do mais baixo grau que uma história poderia ter.
Chega então o Garçom, deposita copos sortidos da cozinha do barzinho, este mesmo, o perto da sua casa, no seu bairro ou que você já passou por perto.
Agora sim começamos com a história propriamente dita.
É sobre dois copos, e antes que você os despreze, os copos não são como seus "donos" bebuns, não precisa pensar que agora a coisa descamba pro ridiculo, ou descamba sim, se ridiculo for pra você o que vou contar.

Nosso copo-personagem principal é posto na mesa, ele não possui vida, é inerte, não pode se mover e nem pensar, o segundo copo é disposto proximo a ele, os outros já não nos interessam tanto, pois são coadjuvantes.. (estes sim são coadjuvantes de alto grau na escala de copos coadjuvantes!).

De repente um sopro de vida, ou melhor, um gole de vida... o copo é inundado com cerveja (liquido em comum com os outros da mesa).
E então, ele ganha vida e consequentemente alguma conciencia, mas não pode se virar.

É nessa hora que um brinde magico acontece, eles tem contato! e com vida, se sentem e se vislumbram.
Disposto novamente na mesa, o nosso copo que nem nome tem, mas que é o principal, fica curioso, pois estava de costas para todos os outros.
Ele escuta uma risada feminina, é a do copo que fica perto dele.
Ela está animada por conhece-lo, e se diverte com a sua tentativa tão nula de se virar para olha-la.
Então ele é erguido, posto numa boca, que lhe suga um pouco da vida, neste momento, ele vislumbra seus companheiros de mesa, e principalmente, vislumbra ela!
Ela não é como ele, ela tem um corpo fino comparado com o dele, ele tem uma "tatuagem" de uma marca de cerveja e uma boca grande.
Apesar das diferenças, quando ele é posto na mesa, e agora de frente pra ela, ele sente algo que não sabe explicar, ele tem menos liquido que ela agora, "ela é linda" pensa ele.
Seus suores escorrem pelos seus corpos de vidro gélido e se tocam.
Uma fração de segundos, mas ele sabe agora pelo toque dos dois que ela compartilha do mesmo sentimento.

É claro que o tempo para o nosso querido copo é muito diferente do nosso, você vai perceber que tudo isso poderia ser comparado com uma vida inteira nossa.

Eles se namoram nos olhares, no decorrer de suas vidas são postos mais proximos ou mais longe uns dos outros, mas sempre torcem muito para se encontrarem, se esbarrarem novamente.
Inertes em seus corpos de marionete, só pensam (os copos coadjuvantes chegam a rezar por eles) que querem até o fim estarem unidos.
Com o decorrer destes anos (de uma vida de copo cheio de cerveja) eles vão sendo sorvidos por Deuses embriagados e impiedosos por suas almas (cerveja), desalmados se for pensar no quanto eles não sentem nada pelos copos.
A cerveja aos poucos vai acabando, ele, o nosso querido copo vai perdendo aaos poucos as lembranças e a juventude de quando era cheio, sua amada possui mais cerveja e está mais bonita e mais jovem.
Finalmente ele começa a ter lapsos de memória graves, a unica coisa que o mantem vivo são a visão de sua amada intocavel e dois dedos de vida no fundo de seu ser.

Aqui é valido ressaltar duas coisas, aliás, três:
1- numa conversa de bar, quando um copo está esvaziando e outro não, é porque algo está errado na conversa dos donos dos copos.
2- Se você não está entendendo nada, beba 17 copos de agua, saia do pc e tenta cagar a agua em seguida.
3- Se você entendeu tudo, e está ficando triste, melhor não ler o resto.

Voltemos a história...
Forçando-se para viver seus ultimos momentos, nosso copo "mocinho" se concentra e tenta sorrir para sua amada, pra dizer sem palavras que "está tudo bem", neste momento, ela é erguida... e de um só golpe vai sendo esvaziada.
Até que com medo da morte e com vontade de ficar pra sempre com seu querido amado, ela perde sua ecencia e se esvai, agora, ela é posta na mesa... ela não, não é mais ela, é só um copo sem vida novamente.
Ele quer chorar, quer gritar, correr até ela, mas não pode, então, é erguido finalmente.
Dentro dele, não existe medo, nem raiva mais, ele só quer finalmente morrer e quem sabe, se existir alguma forma de voltar a ve-la, e agora numa vida diferente, sem limitações e bloqueios, finalmente ser feliz ao seu lado.

Os outros copos estão chocados, vão morrendo um após o outro, mas agora nada é a mesma coisa, pois seus dois companheiros que foram a inspiração deles os deixaram, de maneira trágica, talvez seja melhor todos se unirem finalmente, é o que pensam.
O Barzinho apaga as luzes, os "copos" são recolhidos, lavados e guardados, mesmo estando proximos, estão sem vida.

No dia seguinte, postos em mesas separadas ou unidas, são abastecidos novamente, a vida chega novamente, e, novamente para eles é a primeira vez que estão se vendo.

Nenhum comentário: